quinta-feira, 21 de junho de 2012

O argentino





Cidade do rio de janeiro. Em um passado não tão distante assim. Um casal de americanos foi seqüestrado. Foi noticiado praticamente em quase em todos os tele jornais da grande mídia. A polícia disse estar empenhada nas investigações. O governador do Estado noticiou estar surpreendido com a situação, afinal, como uma cidade tão bonita e protegida como o Rio, ser vitima desses bandidos? De quem é a culpa Brasil? Minha com certeza não é- diz o governador com um belo sorriso amarelo.

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Do alto do morro um homem de estatura média de pele parda fuma calmamente seu cigarro e toma uma dose de cerveja de péssima qualidade ( sabe aquelas cervejas que passam nos comerciais? Pois é, são essas mesmas ). Bota a mão no saco e diz – que merda argertino, agora ta passando em todo canal sobre o nosso lance. Te falei que isso ia dar merda! – relaxa Tonhão, tu já sabia que isso ia acontecer desde o começo. Deixa de viadagem! – diz  o outro com tom tranqüilo, mas com ar de sarcasmo. Tinha uma aparência melhor a pela e roupas mais cuidadas. Chamava- se Rubens, mas era mais conhecido como o argentino.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Feriado Prolongado




Ah, as cartas que eu nunca escrevi
Guarde-as com cuidado
Pois nelas estão
A saudade que tanto queríamos
que tivéssemos
De nós mesmos

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Longa noite


por Olavo de Carvalho

Se há uma coisa que, quanto mais você perde, menos sente falta dela, é a inteligência. Uso a palavra não no sentido vulgar de habilidadezinhas mensuráveis, mas no de percepção da realidade. Quanto menos você percebe, menos percebe que não percebe. Quase que invariavelmente, a perda vem por isso acompanhada de um sentimento de plenitude, de segurança, quase de infalibilidade. É claro: quanto mais burro você fica, menos atina com as contradições e dificuldades, e tudo lhe parece explicável em meia dúzia de palavras. Se as palavras vêm com a chancela da intelligentzia falante, então, meu filho, nada mais no mundo pode se opor à força avassaladora dos chavões que, num estalar de dedos, respondem a todas as perguntas, dirimem todas as dúvidas e instalam, com soberana tranqüilidade, o império do consenso final. Refiro-me especialmente a expressões como “desigualdade social”, “diversidade”, “fundamentalismo”, “direitos”, “extremismo”, “intolerância”, “tortura”, “medieval”, “racismo”, “ditadura”, “crença religiosa” e similares. O leitor pode, se quiser, completar o repertório mediante breve consulta às seções de opinião da chamada “grande imprensa”. Na mais ousada das hipóteses, não passam de uns vinte ou trinta vocábulos. Existe algo, entre os céus e a terra, que esses termos não exprimam com perfeição, não expliquem nos seus mais mínimos detalhes, não transmutem em conclusões inabaláveis que só um louco ousaria contestar? Em torno deles gira a mente brasileira hoje em dia, incapaz de conceber o que quer que esteja para além do que esse exíguo vocabulário pode abranger.

segunda-feira, 4 de junho de 2012