terça-feira, 18 de novembro de 2008

A espera




De súbito, começa a garoar naquela triste tarde de domingo. Era quase inevitável  o tédio  entrar por entre as portas daquele condomínio de três cômodos. Letícia troca rapidamente olhares entre seu relógio de pulso com o do seu celular. Realmente já estava certa que ele não viria. Não por causa da ultima discussão, pois esse tipo de coisa já era de praxe de qualquer relacionamento de sua tão breve, mas conturbada e intensa vida amorosa.


Tinha uma  teoria, não uma convicção,  como se seu instinto feminino apontasse aonde  ele estivesse. Sem duvida estaria vendo seu tão sagrado futebol dominical, falando de mulher ou qualquer assunto sem  fundamento que só uma cabeça masculina em grupo poderia proporcionar. Não fazia muito tempo, desde a primeira vez que se aventurara no caminho amoroso. Seu ultimo caso , coisas de meses, terminara tudo em um sushi bar , que ela fazia tanto questão de conhecer, pois sempre tinha uma curiosidade de comer peixe cru e, finalmente, aprender a usar aqueles malditos ‘pauzinhos’.Mas não tardou muito então descobriu uma das coisas que nunca pensara descobrir: um numero desconhecido no celular dele. Bem se tinha uma coisa que ela tem por demais é curiosidade. Sempre vivia mexendo, revirando em coisas que não era de sua pessoa. E se tratando se namorados, não fazia cerimônia de  perguntar, revirar a vida, as coisas de seus pretendentes.

Talvez esse fosse seu maior erro: Querer saber demais. Até ela mesma, em certos momentos, não queria ter essa ânsia por querer saber tudo sobre seus amados. Devia agir como qualquer uma de sua idade, ser levadas por sorrisos e umas previas e falsas promessas que só mesmo a juventude causa nas pessoas.         

Com a chuva, acaba escurecendo. Mexe os cabelos, liga a TV, desliga a TV, e distraidamente se aproxima da janela onde avista de longe, um casal se abraçando e comentando algo, provavelmente sobre a chuva que sapara e une os casais de toda a parte do mundo.

De repente  toca o telefone. Ela sobe o gancho e então ouve uma voz que, mal se ouve devido ao barulho da chuva das duas linhas. A principio, não deduzirá quem era, mas então ela se aproxima da porta, olha para o olho mágico, paga a chave, gira a maçaneta e o abraço em lagrimas que espontaneamente surge de seu rosto. Sim era ele. Explica que fez de tudo  para chegar no horário, mas devidos a uns imprevistos familiares e a chuva deu nesse atraso. Poderia ter falado de muitas outras coisas que nem chegaram mesmo a acontecer, por que ela já não se importara tanto assim, chegou ate a se esquecer da demora. Pois ela mesma sabia La no fundo , de alguma forma por mais adversas e absurdas que fossem os acontecimentos ela sempre o perdoara e sempre estaria ali , numa tarde de domingo esperando-o olhando pra um relógio . Contrariada, mas sempre ali.

2 comentários:

Meire disse...

Um tanto próximo a minha (ex, assim espero)realidade.

Thais Michele Rosan disse...

Tem coisas que é melhor nem sabermos...

adorei o texto
beijo